quinta-feira, 22 de abril de 2010

Capitulo I - Migus a criação

A tarde estava ensolarada, convidava a passeios no jardim ou á beira-mar.
Onde morava tinha o privilegio de poder desfrutar dos dois ambientes, a praia ficava a dois passos, e da sua janela podia avistar o jardim.
Coberto com um tapete verde macio,parecia salpicado de flores gigantes que se abanavam com o vento provocado pelo esvoaçar dos pássaros, brincalhões fugiam uns dos outros, cantando melodias agradáveis, que se assemelhavam ás gargalhadas das crianças.
Era impossível ouvir e não esboçar um sorriso, o cenário era o melhor para o dia em que ela decidira criar aquele a quem a todos trariam junto ao peito.
Escolher um tecido não era tarefa fácil, entre muitos que tinha guardados no sótão houve um que lhe chamou a atenção, aproximou-se dele, tocou-lhe com as pontas dos dedos, sentindo a sua textura macia, seria esse, sim…
O seu corpo seria coberto com corações, porque era aí mesmo que ela queria chegar, ao coração.
Era perfeito, ficaria perfeito…
Sentada na sua cadeira velhota, que fora um dia da sua avó, costurava freneticamente, desejando ver depressa criar volume, aquela imagem que tantas vezes surgia quando fechava os olhos.
Apesar dos dedos picados pela falta de experiência, não desistia e continuava ponto sobre ponto, até ter por terminado o seu trabalho.
O último remate de linha foi dado.
Estava pronto...
Pegou-lhe com a delicadeza que uma jóia precisaria, percorrendo todo o seu corpo com os olhos, as mãos dos dois tocaram-se e os lábios dela pousaram na sua face acabada de fazer, era um beijo de carinho, este foi seguido de uma abraço, como quem testa se é bom o sentimento de o ter no colo.
Foi neste momento que uma brisa mais forte entrou de rompante pela janela.Abriu-a bruscamente, fazendo com que esta embate-se na parede, e foi esta brisa quente do final do dia que arrancou das suas mãos aquele que ela tinha criado para encher os corações dos pequeninos…e foi nos braços da sua pequenina que ele pousou, como se o seu corpo fosse leve qual pena.
A pequenina olhou para cima em direcção da sua mãe e exclamou!
- Mãe …é o Migus! O meu Migus…
Ela sorriu…pegou nos dois ao colo…foi até á janela …e disse:
- Sim…é o teu Migus…e de onde ele veio há mais…muitos mais…


_____________________________________________________________________


Ele sentiu o sopro contra a sua cara…e como que num primeiro folgo ficou assustado…não sabia o que se estava a passar…mas a sensação era boa…e enquanto apreciava o momento, sentiu-se pousar sobre algo macio…olhou para cima e viu-a, ela era linda, de pele branca, com caracóis que lhe emolduravam o rosto delicado…foi amor á primeira vista…ela era dele e ele seria sempre dela…a sua Paieia.*


Continua...


*( Paieia - sinonimo de Rafaela, forma como esta pronuncia o seu próprio nome)


2 comentários:

  1. ai "mãe"....o migus é lindo....que o amor que ele traz encha os corações das crianças para que elas não se esqueçam quando forem adultos do que é amar incondicionalmente e a ternura que é um olhar de carinho que nos enche até transbordar

    ResponderEliminar
  2. Piratinha, obrigada pelo teu comentário, o Migus agradece e a "mãe" também...;) volta sempre!!

    ResponderEliminar